Religião asteca


Religião

A extrema complexidade da religião asteca só pode ser compreendida sob a perspectiva de um povo guerreiro que, em apenas dois séculos, passou de dominado a dominador, controlando outros povos da região, muitos deles com tradição cultural muito anterior à sua.

O regime asteca era teocrático. O rei exercia o poder divino por meio de leis, funcionários e as escolas nobres.
 
Cosmogonia

Da mesma forma que outros povos indígenas, como os maias, os astecas supunham viver a era do quinto sol. As quatro anteriores haviam acabado em catástrofes. Isso constituía uma justificativa ideológica para as contínuas guerras astecas, pois era necessário capturar inimigos e sacrificá-los aos deuses, a fim de proporcionar sangue para que o Sol não se apagasse.

Na realidade, as concepções guerreiras -- com seu culto ao sacrifício e à coragem --, as necessidades políticas e as crenças religiosas constituíam quase uma unidade no mundo asteca. Os mortos em sacrifícios, como os que morriam em combate, tinham sua entrada garantida no império do Sol.

Sorte semelhante estava reservada às mulheres que morriam de parto, provavelmente para diminuir os temores das mulheres e aumentar a reprodução. Os mortos comuns iam para um lugar subterrâneo chamado Mictlan.

Os astecas consideravam o mundo um lugar instável, em que as colheitas, os homens e até os deuses estavam ameaçados por catástrofes naturais. Só uma religião dura e severa podia oferecer segurança.
 
 
O panteão asteca

O sincretismo -- conciliação das diferentes religiões dos povos vizinhos -- encheu de deuses o panteão asteca. Para uma mesma missão, havia divindades provenientes de diversas culturas, e a tradição dualista opunha deuses benfazejos aos destruidores.

A classe dirigente louvava suas divindades guerreiras, enquanto os camponeses atribuíam a fertilidade ou as calamidades aos deuses agrícolas. Cada lugar, cada profissão, agregava ao panteão asteca suas próprias divindades.
 
 
Clero e culto religioso

Os membros do clero pertenciam às classes superiores; estudavam em suas próprias escolas a escrita e a astrologia, além de praticarem a mortificação e os cantos rituais; sua vida era de austeridade e permaneciam celibatários. Os dois sumos sacerdotes dependiam do rei. Este era inacessível -- governava por intermédio de um delegado -- e, segundo os espanhóis, era transportado em liteira porque seus pés não podiam pisar a terra.

Os templos mantinham asilos e hospitais. Os ofícios religiosos, freqüentemente celebrados ao ar livre nos arredores dos templos, reproduziam fenômenos cósmicos e, dada sua estreita relação com os ciclos vegetativos, regiam-se por um complicado ritual, centrado nos sacrifícios. Estes podiam ser de flores e de animais, mas com freqüência eram humanos.

Segundo relatos feitos por espanhóis, sem dúvida o número de vítimas foi bastante grande. Em geral sacrificavam-se prisioneiros, mas eventualmente usavam-se voluntários. As vítimas eram executadas pelos sacerdotes, de formas diversas, segundo o deus a quem se oferecia o sacrifício; quando era dedicado a Huitzilopochtli ou Tezcatlipoca, o sacerdote extraía o coração do guerreiro para alimentar seu deus.

Quando não havia guerra contra os vizinhos, os astecas declaravam a "guerra florida", uma série de combates individuais que proporcionavam vítimas para os sacrifícios. O aspecto sanguinário desses rituais impressionou fortemente os espanhóis, cuja intervenção impediu a evolução do sistema religioso asteca.